Auditoria é um processo que visa confirmar se todos os números apresentados por uma empresa correspondem, de fato, às despesas pagas e receitas obtidas ao longo de um determinado período. No caso da concessão do transporte público municipal, cujo valor da tarifa é ajustado de acordo com os gastos totais das empresas para operar o serviço, essas despesas correspondem à compra dos ônibus, pneus, combustível, manutenção dos veículos, salário dos motoristas, entre diversas outras.
O prefeito Alexandre Kalil disse que faria uma auditoria completa do sistema de ônibus no 1º ano de seu mandato. E o que temos até agora? A Prefeitura propôs um edital para contratar a empresa que deveria fazer o trabalho de auditoria, mas cheio de problemas, exatamente os problemas que resultaram na "verificação independente" do prefeito Lacerda em 2013. Veja os principais pontos que precisam ser revistos no edital e clique em cada um deles para saber como deveriam ser.
Sem acesso público a todos os dados utilizados durante o levantamento
Usando a mesma metodologia que Lacerda usou na auditoria de mentirinha em 2013
Levantando apenas dados à partir de 2014 e assinando embaixo da “verificação independente” de faz de conta de 2013
Sem impedimento da Ernest & Young, a empresa contratada pelos empresários de ônibus para garantir o aumento de agosto de 2015
Sem que a auditoria tenha livre acesso a todas as notas fiscais guardadas nas empresas de ônibus
Sem verificação dos sistemas e equipamentos de bilhetagem eletrônica e das catracas utilizados nos ônibus
Precisamos de uma auditoria de verdade, com levantamento completo das contas das empresas e participação irrestrita da sociedade em todo o processo.
A história da falta de transparência das contas que calculam a nossa passagem de ônibus é antiga. E mostra porque nossos prefeitos, na hora de realmente enfrentar os empresários de ônibus, acabam falando muito e não fazendo nada.
Ela começa lá em 2008, quando foi aberto o edital da concessão pelo prefeito Pimentel, hoje investigado por receber dinheiro sujo de empresários de ônibus; passa por 2013, quando o prefeito Márcio Lacerda fez aquela auditoria de mentirinha para garantir o aumento dos empresários; 2015, ano do aumento surpresa de meio de ano; e chega a 2017 com a problemática proposta do Kalil de repetir a mesma metodologia do Lacerda em 2013:
Prefeitura abre edital para concessão do transporte público até 2028.
Em junho, as empresas de ônibus recebem isenção em tributos federais e na folha de pagamento, mas redução não é repassada à tarifa.
Jornadas de Junho. A tarifa é reduzida em 15 centavos e não tem aumento no fim do ano!
Prefeitura retira cobrança da CGO (taxa paga pelas empresas para a BHTrans), mas economia não é repassada para o valor da tarifa.
Com quase um ano de atraso e depois de numerosas datas previstas de inauguração, começa a operação do MOVE, para a Copa do Mundo.
Prefeitura publica o resultado da “verificação independente”, feita sobre o sistema para o período 2008-13.
Após denúncia do Tarifa Zero ao MP, Justiça suspende por 30 dias aumento das passagens, por conta das irregularidades no estudo apresentado pela EY.
Ano novo, tarifa nova.
Aumento extraordinário no meio do ano.
Um mês de glória, aumento suspenso!
Operação Acrônimo descobre repasse ilegal de empresários de ônibus para Pimentel no valor de R$ 1,4 milhões
Empresários de ônibus de Belo Horizonte são presos na operação Mar de Lama.
Prefeito Alexandre Kalil é eleito prometendo “abrir a caixa preta da BHTrans”.
Após assumir, prefeito Kalil garante que não haverá aumento das passagens até ser feita uma auditoria no transporte público em BH.
Prefeitura abre edital de “auditoria” do transporte público.
No dia de apresentação das propostas para participar do edital, Justiça suspende licitação por falhas na divulgação do edital.
E o caô continua…